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Blog de J. Cura

Blog pessoal sobre filatelia e outros colecionismos

Blog de J. Cura

Blog pessoal sobre filatelia e outros colecionismos

José Saramago - Viagem a Portugal 5

"Quando se diz Buçaco, não está a pensar-se nesta serra igual a tantas, mas naquele extremo dela, esse sim, fabuloso, que é a mata, onde já o viajante vai entrando. Está aí, porém, o Palace Hotel a requerer a primeira atenção. Olhemo-lo para depois passarmos a coisas sérias.
Porque, enfim, sério não pode ser este neomanuelino, este neorenascimento, concebidos por um arquitecto e cenógrafo italiano nas agonias do século XIX, quando em Portugal se inflamavam imperialmente as consciências e convinha enquadrá-las em boas ou más molduras quinhentistas.[...] Apenas tem o direito de não gostar do Palace Hotel, mesmo reconhecendo como bem cinzelada está esta pedra, como são bem lançadas as salas e cómodas as cadeiras, como tudo está disposto para o conforto."

in Viagem a Portugal, José Saramago

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José Saramago - Viagem a Portugal 4

"Perto de Belmonte está Centum Cellas ou Centum Coeli, o mais enigmático edifício destas paragens portuguesas. Ninguém sabe para que servia esta alta estrutura de mais de vinte metros: há quem afirme que terá
sido templo, outros que foi prisão, ou estalagem, ou torre de acampamento, ou vigia. Para estalagem não se lhe vê o motivo, para vigia bastaria coisa mais simples, prisão só por avançadas pedagogias, tão desafogadas são estas portas e janelas, e templo, talvez, mas o vício está em facilmente darmos o nome de templo a quanto nos aparece. Pressente o viajante que a solução estará nos terrenos em redor, por que não é crível que este edifício aqui tenha surgido isoladamente, por uma espécie de capricho. Sob asterras lavradas se encontrará talvez a resposta, mas enquanto não for possível garantir trabalho sério e metódico, dinheiro pronto e protecção suficiente, é melhor deixar em paz Centum Cellas. Já se estragou demasiado em Portugal, por incúria, por falta de espírito de perseverança, por desrespeito."

in Viagem a Portugal, José Saramago

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José Saramago - Viagem a Portugal 3

"Belmonte é a terra de Pedro Álvares Cabral, aquele que em 1500 chegou ao Brasil e cujo retrato, em medalhão, se diz estar no claustro dos Jerónimos. Estará ou não, que nisto de retratos de barba e elmo não há muito que fiar, mas aqui no castelo de Belmonte deve ter Pedro Álvares brincado e aprendido suas primeiras habilidades de homem, pois neste lugar estão as ruínas do solar que foi de seu pai, Fernão Cabral."

in Viagem a Portugal, José Saramago

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José Saramago - Viagem a Portugal 2

"Linhares é boa terra. Mal desembarcou, logo o viajante criou amizade com o encarregado das obras que se faziam na Igreja da Misericórdia, pedreiro-mor da vila e abridor benévolo de todas as portas. O viajante teve em Linhares um guia de primeira ordem.[...] aqui,a meio da calçada, está uma tribuna de pedra que antigamente tinha cobertura e agora não, e era onde se reunia a câmara: sentavam-se nestes bancos e em voz alta discutiam os assuntos municipais, à vista do povo, que ouvia de fora e das janelas. [...] O castelo deve ter sido enorme. Estão a dizê-lo as duas gigantescas torres de granito, a altura das muralhas, toda a atmosfera de fortaleza que dentro se respira. Bem estaria assim, porque no tempo das guerras contra os sarracenos foi guarda avançada portuguesa. Reinava o senhor D. Dinis de quem, daqui a pouco, o viajante terá de voltar a falar. Quem sabe se neste castelo não foi que desceu sobre o rei-poeta a inspiração, vendo lá em baixo os pinhais. «Ai flores, ai flores do verde pino.» Enfim, o viajante está hoje muito imaginativo"

in Viagem a Portugal, José Saramago

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José Saramago - Viagem a Portugal 1

"Andavam acesas as lutas da Restauração, meados portanto do século XVII, e Miranda do Douro, aqui à beirinha do Douro, estava, por assim dizer, a um salto duma pulga de acometidas do inimigo. Havia cerco, a fome já era
muita, os sitiados desanimavam, enfim, estava Miranda perdida. Eis senão quando, isto é o que se diz, avança ali um garoto a gritar às armas, a incutir ânimo e coragem onde coragem e ânimo estavam desfalecendo, e de tal
maneira que em dois tempos se levantaram todas aquelas debilidades, tomam armas verdadeiras e inventadas, e atrás do infante vão-se aos Espanhóis como se malhassem em centeio verde. São desbaratados os sitiantes, triunfa Miranda do Douro, escreveu-se outra página nos anais da guerra. Porém, onde está o chefe deste exército? Onde está o gentil combatente que trocou o pião pelo bastão de marechal de campo? Não está, não se encontra, ninguém o viu mais. Logo, foi milagre, dizem os mirandeses. Logo, foi o Menino Jesus. [...] Tanto mais que aqui está ele, o Menino Jesus da Cartolinha, com a sua altura de dois palmos, à cinta a espada de prata, a faixa vermelha
atravessando do ombro para o lado, laço branco ao pescoço, e a cartola no alto da sua redonda cabeça de criança. Este não é o fato da vitória, apenas um do seu confortável guarda-roupa, completo e constantemente posto em dia,
"

in Viagem a Portugal, José Saramago

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E aqui inicio uma ilustração de trechos de textos do livro "Viagem a Portugal" de  José Saramago, com peças filatélicas relacionadas, nesta altura de comemoração do Centenário do nascimento do ilustre escritor.

Espero que gostem.

José Malhoa na filatelia - Museu José Malhoa

José Malhoa nasceu em 1855, nas Caldas da Rainha, e faleceu em 1933, em Figueiró dos Vinhos. Originário de uma família de lavradores, frequentou a Academia de Belas Artes de Lisboa. Malhoa dividiu a sua vida entre Lisboa  e Figueiró dos Vinhos, onde se situava a sua residência, mais conhecida como Casulo de Malhoa. Aqui passou uma parte significativa do seu tempo, disfrutando do ar puro da natureza e encontrando inúmeros motivos para os seus quadros.

O Museu José Malhoa localizado no belo Parque D. Carlos I nas Caldas da Rainha possui e divulga o maior acervo reunido de obras do seu patrono e uma importante coleção de pintura e de escultura dos séculos XIX e XX, principalmente representantes do naturalismo português. Foi o 1º edifício em Portugal projetado para funcionar como Museu tendo sido inaugurado em 1934.

Entre as suas obras, encontram-se 2 já filatelizadas.

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As Promessas é uma pintura a óleo sobre madeira da década de 1920.

A obra  apareceu no selo de €0,45 (taxa de correio azul nacional) da emissão comemorativa dos "150 Anos do Nascimento de José Malhoa" de 2005.

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Já o bloco dessa emissão tem o valor facial de €1,77 e reproduz o quadro ‘Conversa com o vizinho’.

"Conversa com o vizinho" é um quadro pintado em 1932, que retrata uma rapariga jovem inclinada sobre o parapeito de uma janela. É uma pintura a óleo sobre tela, com medidas: 31x27,5 cm.

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O selo de €0,30 da emissão retrata a obra “À Beira-Mar”, de 1818 existente no Museu do Chiado em Lisboa.

O Museu José Malhoa tem ainda no seu acervo e exposição o quadro "Um Colecionador", que achei interessante tendo em conta o seu título. Deixo aqui o quadro e o texto que o acompanha no museu:

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Já aqui tinha divulgado outros artistas portugueses com obras em selos: Almada NegreirosMaria Keil e António Dacosta.

Edis de Portugal 14 - Rui Teles Palhinha

O Professor Doutor Rui Teles Palhinha (ou Ruy Telles Palhinha) nasceu em Angra do Heroísmo a 4 de janeiro de 1871 e faleceu em Lisboa a 13 de novembro de 1957 tendo sido um destacado botânico e professor universitário. A ele se deve a exploração sistemática da flora açoriana. Foi diretor do Jardim Botânico de Lisboa e da Faculdade de Farmácia de Lisboa. Formou-se em Filosofia Natural pela Universidade de Coimbra em 1893.

Teve ativa participação cívica e política, tendo sido presidente da Câmara Municipal de Santarém de 1889 a 1900. Em 1916, foi eleito vereador da Câmara Municipal de Lisboa, exercendo o cargo até 1918.

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Medalha: Fernando Namora (1970)

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Medalha em bronze de série “Poetas e Prosadores Contemporâneos”: Fernando Namora (1970). Diâmetro: 80mm. Peso: 236g. Série de 10 medalhas, iniciada em 1970 (terminou em 1973), com o tema: “Poetas e Prosadores Contemporâneos”. Edição: Gabinete Português de Medalhística. Foram emitidas 345 medalhas de cada escritor. Esta foi a 1ª medalha desta série a ser emitida. Os outros autores: Alves Redol, Fernando Pessoa, António Aleixo, António Botto, Teixeira de Pascoais, José Régio, Florbela Espanca, Joaquim Paço D'Arcos, Luís Forjaz Trigueiros.

Anverso: Em cima, acompanhando a orla, a legenda “FERNANDO NAMORA”. Ocupa todo o campo o busto do escritor voltado à esquerda. Atrás da nuca a assinatura do autor (Cabral Antunes).

Reverso: Em campo liso e distribuída em oito linhas horizontais, a legenda «”ESCRITOR DE PROFUNDA / E IRRESISTÍVEL HUMANIDADE” / NASCIDO EM CONDEIXA / A 15 DE ABRIL de 1919 / LICENCIADO PELA / FACULDADE DE MEDICINA / DE COIMBRA / EM 1942».

Fonte: https://medalhasportuguesas.wordpress.com/

Edis de Portugal 13 - Gonçalo Ribeiro Telles

Gonçalo Ribeiro Telles, arquiteto paisagista, ecologista e político português, nasceu e faleceu em Lisboa. Nasceu a 25 de maio de 1922.

Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos primeiros Governos Provisórios pós 25 de abril. Foi ainda Ministro de Estado e da Qualidade de Vida do VII Governo Constitucional de 1981 a 1983.

Teve grande influência na criação da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e nas bases do Plano Diretor Municipal de Lisboa.

Foi funcionário da Câmara Municipal de Lisboa desde 1951. Mais tarde (1985) foi vereador do mesmo município.

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Retrato de Vitorino Nemésio, por António Dacosta

Obra intitulada "V.N." (Retrato de Vitorino Nemésio) de 1966 é um guache sobre papel, com as medidas: 62,7 x 44,2 cm de autoria de António Dacosta.

Esta obra pertence ao Museu de Angra do Heroísmo (coleção de Belas-Artes).

museu_angra_vitorino_nemesio_2012-10-27 17.22.14.jfoto do autor no Museu. 2012

António Dacosta nasceu em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, em 1914. Mudou-se para Lisboa em 1935, onde estudou Belas-Artes. Estudou arte também em Paris, cidade onde se instalou definitivamente no ano de 1947. Faleceu na capital francesa em 2 de dezembro de 1990. A sua pintura insere-se no movimento surrealista.

Essa atividade de pintura é marcada por dois momentos separados por um interregno de 26 anos, em que simplesmente suspende a atividade artística para se dedicar à crítica de arte, que faz em jornais e revistas a partir de Paris.

Sobre o retrato, o autor referiu: “De vez em quando pintava. Pintei por exemplo o retrato do Vitorino Nemésio quando nos encontrámos os dois, de férias, nos Açores, há já alguns anos. Sim, eu de vez em quando pegava no pincel, assim, a título nenhum. A renúncia não implica a incapacidade de fazer."

Foi considerado «pintor europeu das ilhas», como o descreveu Nemésio.

Já a poesia representava para o artista um complemento da pintura, utilizando-a como catalisador do processo criativo de pintar. Destruiu, por este motivo, grande parte dos poemas que escreveu. Os que restaram foram publicados, postumamente, em «A Cal dos Muros», em 1994.

Os CTT colocaram em circulação a 3 de setembro de 1999 a emissão: “Pintura Contemporânea dos Açores” com 4 quadros de autoria dos artistas Domingos Rebelo, António Dacosta, José Van Der Hagen e Duarte Maia, com 4 diferentes valores faciais, impressão a off-set pela Litografia Maia, sobre papel esmalte.

Do selo de 95$00 / € 0,47 foram impressos meio milhão de exemplares.

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