"Agora, sim, vai a Montemor-o-Velho. O castelo vê-se de longe, abrange toda a coroa da elevação em que foi levantado, e, tanto pela sua disposição no terreno como pelo número de torres quadradas e cilíndricas que lhe reforçam os muros, transmite uma poderosa impressão de máquina militar."
"Se o viajante tanto gosta do românico quanto diz, tem na Sé Velha satisfação que baste, porque, de geral consenso, este é o mais belo monumento que daquele estilo existe em Portugal. Será. O viajante assombra-se diante da fortaleza, a robustez das formas primeiras, a beleza própria dos elementos que lhe foram acrescentados em épocas posteriores como a Porta Especiosa, e, entrando, recebe a maciça impressão dos pilares, o voo da grande abóbada de berço central. Sabe que está no interior duma construção plena, lógica, sem mácula na sua geometria essencial. A beleza está aqui."
"Quando se diz Buçaco, não está a pensar-se nesta serra igual a tantas, mas naquele extremo dela, esse sim, fabuloso, que é a mata, onde já o viajante vai entrando. Está aí, porém, o Palace Hotel a requerer a primeira atenção. Olhemo-lo para depois passarmos a coisas sérias. Porque, enfim, sério não pode ser este neomanuelino, este neorenascimento, concebidos por um arquitecto e cenógrafo italiano nas agonias do século XIX, quando em Portugal se inflamavam imperialmente as consciências e convinha enquadrá-las em boas ou más molduras quinhentistas.[...] Apenas tem o direito de não gostar do Palace Hotel, mesmo reconhecendo como bem cinzelada está esta pedra, como são bem lançadas as salas e cómodas as cadeiras, como tudo está disposto para o conforto."